Guerra dos Mascates
A Guerra dos Mascates que se registrou de 1710 a 1711 na então Capitania de Pernambuco, é considerada como um movimento nativista pela historiografia em História do Brasil. Confrontaram-se os senhores de terras e de engenhos pernambucanos, concentrados em Olinda, e os comerciantes reinóis (portugueses da Metrópole) do Recife, chamados pejorativamente de mascates. Quando houve as sedições entre os mascates europeus do Recife e a aristocracia rural de Olinda, os sectários dos mascates se apelidavam Tundacumbe, cipós e Camarões, e os nobres e seus sectários, pés rapados - porque quando haviam de tomar as armas, se punham logo descalços e à ligeira, para com menos embaraços as manejarem, e assim eram conhecidos como destros nelas, e muito valorosos, pelo que na história de Pernambuco, a alcunha de pés rapados é sinônimo de nobreza.
História
Antecedentes
Após a expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil, a economia da região, dependente da agro-manufatura do açúcar, sem capitais para investimento em lavouras, equipamentos e mão-de-obra (escrava), e face ao declínio dos preços do produto no mercado internacional, devido à concorrência do similar produzido nas Antilhas, entrou em crise.
Dependentes economicamente dos comerciantes portugueses, junto a quem
contraíram dívidas agravadas pela queda internacional dos preços do
açúcar, os latifundiários pernambucanos não aceitaram a emancipação
político-administrativa do Recife, até então uma comarca subordinada a Olinda.
A emancipação de Recife foi percebida como uma agravante da situação
dos latifundiários locais (devedores) diante da burguesia lusitana
(credora), que por esse mecanismo passava a se colocar em patamar de
igualdade política.
O movimento
Em fevereiro de 1709, pouco após receber a Carta Régia que elevou o povoado à condição de vila, os comerciantes inauguraram o Pelourinho e o prédio da Câmara Municipal, separando formalmente o Recife de Olinda, a sede da capitania.
Tendo os membros da aristocracia rural abandonado Olinda para se
refugiar nos engenhos onde viviam, as hostilidades iniciaram-se em Vitória de Santo Antão, lideradas pelo seu Capitão-mor, Pedro Ribeiro da Silva. Estas forças, engrossadas em Afogados com reforços oriundos de São Lourenço e de Olinda, sob a liderança de Bernardo Vieira de Melo e de seu pai, o coronel Leonardo Bezerra Cavalcanti, invadiram o Recife, demolindo o Pelourinho, rasgando o Foral régio, libertando os presos e perseguindo pessoas ligadas ao governador Sebastião de Castro Caldas Barbosa (mascates). Este, por sua vez, visando garantir a sua segurança, retirou-se para a Bahia, deixando o governo da capitania a cargo do bispo Manuel Álvares da Costa.
Os mascates contra-atacaram em 1711, invadindo Olinda e provocando incêndios e destruição em vilas e engenhos na região.
A nomeação de um novo governador, Felix José de Mendonça, depois da retirada forçada para a Bahia de Sebastião de Castro Caldas
que tinha levado um tiro, e a atuação de tropas mandadas de lá puseram
fim à guerra. A burguesia mercantil recebeu o apoio da metrópole, e o
Recife manteve a sua autonomia.
O fim do conflito
Depois de muita luta, que contou com a intervenção das autoridades
coloniais, finalmente em 1711 o fato se consumou: Recife foi equiparada a
Olinda. Assim terminou a Guerra dos Mascates.
Com a vitória dos comerciantes, essa guerra apenas reafirmava o
predomínio do capital mercantil (comércio) sobre a produção colonial.